Crime ambiental
Boi entra no mar para fugir de farristas em Porto Belo
Animal foi visto nadando na região do Caixa D’Aço e ainda não foi resgatado
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




Um animal desesperado se jogou no mar para escapar de agressores durante uma farra do boi em Porto Belo no fim de semana. O animal foi visto dentro da água na enseada do Caixa D’Aço, no bairro Araçá, pela tripulação de uma lancha, no sábado. “Se eu contar ninguém acredita”, comentou o autor de um vídeo que circulou pelas redes mostrando o boi nadando na praia. Em outro vídeo, o animal aparece perto de embarcações de pesca.
A denúncia foi atendida pelo grupo de Operações e Resgate (GOR), que atua contra os maus tratos aos animais. A equipe fez buscas e rondas com a polícia Militar, mas até a manhã de segunda-feira o boi ainda não tinha sido localizado. A informação é que o animal teria ido pra uma área de mata no Araçá. O grupo iria organizar uma operação com os policiais pra tentar localizar e capturar o animal.
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De acordo com o presidente do GOR, Pedro Henrique da Silva, só na última semana o grupo recebeu 15 denúncias de farras do boi no bairro Araçá. “Em todas as denúncias a gente se deslocou junto com a PM mas não encontramos o animal. Em uma delas, a gente conseguiu avistar alguns farristas, mas quando a polícia deu ordem de parada eles correram em direção ao mato”, relata.
Na semana anterior, foram outras sete denúncias recebidas pelo grupo. Houve casos confirmados em Porto Belo, Itapema e Navegantes nesse mês. No domingo retrasado, um animal foi encontrado ferido e amarrado num poste no bairro São Pedro, em Navegantes.
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Os farristas chegaram até a soltar fogos de artifício pra assustar e fazer o boi correr. Na ocasião, ninguém foi preso. No mesmo final de semana, denúncias de farra do boi foram relatadas em Porto Belo, mas os animais não foram localizados. No dia 16, uma ocorrência com mais de 50 farristas foi registrada no Sertão do Trombudo, em Itapema. O animal foi recolhido pela equipe do GOR e encaminhado pra Cidasc.
O bando se dispersou com a chegada dos agentes e ninguém foi preso. O animal seria abatido por não ter identificação. O caso foi denunciado pra investigação da polícia Civil, que já investiga uma quadrilha que organiza as farras do boi em Santa Catarina. Oito pessoas foram indiciadas e são investigadas pelo suposto envolvimento com as farras registradas este ano.
Ambientalista defende punição mais rigorosa
A farra do boi tem acontecido na região mesmo “fora de época”. Durante a Quaresma, a polícia Militar registrou seis casos, representando uma queda em relação as 34 ocorrências confirmadas no mesmo período em 2020. A polícia Militar não soube informar exatamente quantos casos foram atendidos desde o final de abril.
A prática da farra do boi é proibida em Santa Catarina desde 1997, através de acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou a prática cruel e criminosa. A lei de crimes ambientais prevê prisão de três meses a um ano aos responsáveis, com aumento de um terço da pena em caso de morte do animal. Ainda é prevista multa que varia entre R$ 1 mil e R$ 10 mil. Para o presidente da associação Porto Ambiental, de Porto Belo, Paolo Giuliano Livi, as penas são brandas diante da crueldade dos farristas. “Precisaria uma lei mais rigorosa”, defende. Ele avalia que também falta melhor orientação e conscientização das pessoas, além de mais fiscalização por parte das autoridades.
“Em outros tempos, o problema já foi mais combatido”, diz. Paolo considera que é preciso reforçar as ações e as punições, mas reconhece as dificuldades. “Esta prática que está muito enraizada e é difícil desestimular as pessoas”, analisa.
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