SEIS ANOS DEPOIS
PF prende três pessoas pela morte de Marielle
Conselheiro do TCE-RJ, deputado e policial são os mandantes da execução da vereadora
Laura Testoni [lauratestoni16@gmail.com]

Três homens foram presos acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. As prisões aconteceram em operação conjunta da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Federal.
Os presos são: Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. A operação também expediu 12 mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nas sedes da Polícia Civil e do Tribunal de Contas do RJ.
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A investigação já revelou que a motivação do crime tem a ver com a expansão territorial da milícia no Rio de Janeiro. Contudo, os investigadores ainda trabalham para entender a motivação.

A prisão dos acusados vem após a delação de Ronnie Lessa ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Lessa está preso por ser o executor de Marielle e Anderson. Ele firmou acordo de delação com a Polícia Federal. A “boca no trombone” teria sido decisiva para a prisão dos mandantes.
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Os presos devem ser ouvidos ainda hoje na delegacia do Rio de Janeiro e, logo em seguida, serão transferidos para Brasília.
Segundo as investigações, Rivaldo Barbosa, ex-chefe da polícia preso neste domingo, tomou posse em 13 de março de 2018, um dia antes de Marielle ser morta. Ele teria garantido impunidade a Domingos Brazão, conselheiro do TCE, também preso como suspeito.
Em entrevista à Globonews, a mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva, disse que a prisão do policial Rivaldo Barbosa é a mais surpreendente. Nas redes sociais, Marcelo Freixo se manifestou sobre as prisões deste domingo. “Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”, postou.
Freixo é, atualmente, presidente da Embratur. Mas na época do assassinato atuava como deputado estadual do RJ. Marielle chegou a trabalhar como assessora dele. “Em 2008, quando fiz a CPI das Milícias, nós escrevemos no relatório que crime, polícia e política não se separam no Rio. Dezesseis anos depois, com o caso da Marielle resolvido, reafirmo a mesma frase”, escreveu no X (antigo Twitter).
O carro em que Marielle estava, acompanhada de Anderson e Fernanda Chaves (sua assessora), sofreu uma emboscada por volta das 21h15 de 14 de março de 2018. Foram 13 disparos contra o carro. Marielle levou quatro tiros na cabeça e morreu no local, assim como Anderson. Fernanda foi atingida por estilhaços e sobreviveu.
Marielle foi eleita vereadora do Rio em 2016 pelo PSOL, com 46.502 votos, sendo a 5ª mais votada. No mandato de 2017 a 2020, presidiu a Comissão da Mulher da Câmara. Em fevereiro de 2018, foi escolhida como presidente de uma comissão na Câmara que acompanharia a atuação das tropas de intervenção federal no Rio.
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