Época de virose
Casos de diarreia chegam a 672 atendimentos só em Itajaí
Situação de epidemia de doenças diarreicas também está ocorrendo em Florianópolis
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O aumento na região de casos de doenças que causam diarreia acendeu o alerta da Diretoria Estadual Vigilância Epidemiológica (Dive-SC). Hospitais e unidades de saúde de Itajaí atenderam 672 casos neste ano. No hospital Marieta Konder Bornhausen, houve alta de 80% nos casos entre dezembro e janeiro, com 40 atendimentos na primeira semana do ano. Na UPA do CIS, o município registrou 394 casos até 10 de janeiro. No hospital infantil, foram mais 238 casos.
Além de Itajaí, Florianópolis também vive um surto de diarreia no estado. Os casos aumentaram em 166% e já passaram de 1,5 mil registros na cidade. Na sexta-feira passada, a prefeitura da Capital confirmou a situação de epidemia de doenças diarreicas agudas (DDAs) diante da alta expressiva de casos.
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As equipes técnicas da Dive, Vigilância Sanitária e do Laboratório Central (Lacen-SC), da Secretaria Estadual de Saúde, fizeram uma reunião na sexta-feira passada com os municípios da gerência de Saúde de Itajaí, bem como com a prefeitura de Floripa, em conjunto com as equipes regionais.
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A reunião tratou das estratégias de vigilância diante do crescimento de casos. Seriam buscadas mais informações sobre os sintomas apresentados pelos pacientes, além de definir detalhes da coleta de amostras para a identificação dos agentes causadores da doença neste momento.
Segundo a Dive-SC, as amostras serão analisadas pelo Lacen pra apurar o agente causador do surto de casos e entender o perfil epidemiológico da doença no estado. A reunião estabeleceu a coleta de três a cinco amostras por semana em cada município.
A Secretaria de Saúde do Estado explica que a doença diarreica aguda não é de notificação obrigatória das ocorrências. “O agravo é monitorado por meio de unidades sentinelas, que são unidades de saúde que atendem os casos, sendo que todos os municípios catarinenses contam com pelo menos uma unidade”, informa.
As unidades, que fazem parte de um programa nacional, acompanham o perfil das doenças diarreicas nas cidades e buscam identificar mudanças nos padrões de ocorrência. A partir daí, é possível direcionar recomendações de prevenção e coletar amostras pra apurar os agentes causadores.
UPA do CIS atendeu 394 pacientes

Há diversos cuidados indicados para a prevenção
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Em Itajaí, a Secretaria de Saúde informou que o município registrou um aumento no número de atendimentos relacionados a diarreia e vômito no início do mês de janeiro nas unidades de saúde e nos hospitais da cidade. No total, foram registrados 672 casos ligados às doenças.
“O quantitativo já era esperado para essa época por ser um período em que as pessoas ficam mais sujeitas a contaminações deste tipo”, esclareceu. De acordo com a secretaria, na primeira semana de dezembro foram atendidos 22 casos diarreicos no hospital Marieta. O total saltou para 40 atendimentos na primeira semana de janeiro.
Além dos casos do Marieta, que atende a região, em Itajaí a UPA do Centro Integrado de Saúde (CIS) atendeu 394 pacientes com quadro de diarreia e vômito nos primeiros 10 dias do ano. A secretaria não tem dados de dezembro pra comparativo dos casos.
No hospital Pequeno Anjo, foram 238 atendimentos relacionados a diarreia, náuseas e vômitos até o dia 10. A quantidade representa 171 casos a mais que os 67 registrados nos primeiros 10 dias de dezembro.
Alta em toda a região
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Em Balneário Camboriú, a Secretaria de Saúde informou que foram atendidos 118 casos entre o fim e o começo do ano. Na última semana de 2022, foram 71 atendimentos e outros 47 na primeira semana de 2023, no hospital Ruth Cardoso. A Vigilância Epidemiológica considerou que é normal ter aumento de casos durante o verão.
Em Penha, a prefeitura reforçou as orientações sobre os cuidados de higiene e no preparo e ingestão de alimentos diante da alta do número de pacientes com sintomas de viroses intestinais. Entre os dias 31 de dezembro e 3 de janeiro, a Secretaria de Saúde registrou 300 atendimentos relacionados aos casos.
“Dor abdominal, diarreia, náuseas e mal-estar que não passa por nada são os sintomas clássicos das viroses intestinais. São sintomas minimizados com reequilíbrio alimentar e soro para repor os sais minerais perdidos”, informa o secretário de Saúde, Rodrigo Medeiros.
De acordo com a nutricionista da secretaria, Vanessa Meurer Campos, na praia os cuidados com os alimentos devem ser redobrados devido ao calor. “É importante deixar de lado ingredientes que se deterioram com mais facilidade, como frios e maionese. No calor, é ainda indicado beber bastante água, sucos naturais e água de coco”, reforça.
No caso de sinais de desequilíbrio intestinal, geralmente acompanhado por dor abdominal, diarreia, náuseas e mal-estar, a orientação é que um posto de saúde seja procurado pra medicação inicial. Na unidade, conforme o diagnóstico, o encaminhamento será feito ao PA.
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Casos mais frequentes nesta época do ano
De acordo com a Dive, as altas temperaturas e o aumento no fluxo de pessoas, especialmente nas cidades litorâneas, faz com que os casos de doenças diarreicas agudas, que são doenças infecciosas gastrointestinais, sejam mais frequentes nesta época do ano. Os quadros são caracterizados por episódios de diarreia, que podem ser acompanhados de náusea, vômito, febre e dor abdominal.
As doenças diarreicas agudas podem ser causadas por diferentes agentes, como vírus, bactérias e fungos, sendo os mais comuns o rotavírus e o norovírus e a bactéria Escherichia coli, presente em esgoto não tratado e cuja incidência tem afetado a balneabilidade das praias da região e do estado.
Fique ligado no que faz mal |
Comportamentos que podem causar a doença: ingestão de água, gelo ou alimentos contaminados; |
Consumo de carnes, pescados e mariscos crus ou malcozidos; alimentos sem conservação; |
Banhos em águas de praias poluídas; |
Contato direto com pessoa doente; e falta de cuidados de higiene, como lavar as mãos. |
De forma geral, os casos são leves e podem durar até 14 dias. No entanto, em crianças e idosos pode ocorrer uma desidratação grave. “É importante ficar atento aos sintomas e, caso não ocorra melhora do paciente ou ele apresente complicações no quadro, o atendimento médico deve ser procurado imediatamente”, orienta a Dive. |
Dicas de prevenção
- Lavar as mãos com frequência ou usar álcool em gel, especialmente antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar alimentos, amamentar e tocar em animais;
- Beber água filtrada, tratada ou fervida. Não consumir água sem saber a procedência;
- Não usar gelo de procedência desconhecida;
- Não consumir alimentos fora do prazo de validade, mesmo com boa aparência;
- Alimentos deteriorados, com aroma, cor ou sabor alterados, não devem ser consumidos;
- Não consumir alimentos em conserva se as embalagens estiverem estufadas ou amassadas;
- Evitar o consumo de alimentos crus ou malcozidos, principalmente carnes, pescados e mariscos;
- Embalar adequadamente os alimentos antes de colocá-los na geladeira;
- Não tomar banho em águas de praias impróprias/poluídas;
- Higienizar frutas, legumes e verduras com solução de hipoclorito a 2,5% (diluir uma colher de sopa de água sanitária para um litro de água por 15 minutos, lavando em água corrente em seguida para retirar resíduos);
- Lavar e desinfetar superfícies e utensílios usados na preparação de alimentos.