Contagioso
Surto de diarreia em SC tem origem viral, mostram as análises iniciais
Norovírus, que pode estar em água e alimentos contaminados, foi identificado na maioria das amostras
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Resultados iniciais apontam que o surto de diarreia em Santa Catarina tem origem viral. Itajaí, Porto Belo, Balneário Piçarras e Bombinhas tiveram confirmações de norovírus e Balneário Camboriú teve três de rotavírus e um de norovírus entre as 12 amostras de material para diagnóstico viral analisadas pelo Laboratório Central de Santa Catarina (Lacen) até 20 de janeiro.
No total, foram encontrados norovírus em nove amostras e rotavírus em três – essas todas em BC. A origem viral também foi apontada em amostras de Blumenau e Florianópolis. O resultado faz parte das primeiras análises feitas pelo Lacen das amostras enviadas pelos municípios. Até sábado, o estado recebeu 52 amostras de pacientes, das quais 18 foram enviadas pra diagnóstico viral e outras 34 pra análise bacteriana.
Continua depois da publicidade
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, os resultados preliminares servem pra levantar hipóteses sobre a origem do surto. Os dois tipos de vírus podem estar em alimentos e água contaminados. “As equipes de vigilância em saúde do estado e municípios continuam com a investigação epidemiológica, ambiental e laboratorial para estabelecer a relação causal, definir quais são os agentes causadores envolvidos e quais as principais vias de transmissão”, informa.
Ainda conforme a secretaria, foi feito um acordo com os municípios litorâneos que apresentam grande fluxo turístico pra que façam coleta ambiental de água (mar e rio) em pontos previamente estabelecidos. Desta forma, através da análise da água, será possível estabelecer ou não uma conexão da água com o aumento de casos. A medida envolve as cidades de Barra Velha, Balneário Piçarras, Penha, Navegantes, Porto Belo, Balneário Camboriú, Itapema, Bombinhas, Governador Celso Ramos e Florianópolis.
Continua depois da publicidade
O governo federal também está auxiliando o estado e acompanha a situação de Santa Catarina em relação ao surto de doenças diarreicas, destacou a secretaria. Já foi feita uma reunião por videoconferência entre a equipe do estado e os técnicos do Programa Nacional de DTHA (Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar), do Ministério da Saúde, para discussão de medidas e do planejamento das ações de mitigação do surto.
Casos acima do normal
Conforme os dados coletados pelo estado pelo sistema de monitoramento, na primeira semana do ano foi registrado um aumento “importante” dos registros de doenças diarreicas, apesar de, em todo o ano de 2022, os casos tivessem se mantido acima do limite.
“Vimos que os valores alcançados neste início de ano estavam muito próximos aos registrados em 2016, quando tivemos um grande surto relacionado a norovírus também no litoral catarinense. Na segunda semana de janeiro esse número aumentou ainda mais e ultrapassamos os dados de 2016”, lembrou Fábio.
A alta de casos foi registrada em Florianópolis, Balneário Camboriú, Bombinhas, Navegantes, Penha, Balneário Piçarras, Porto Belo, Itapema e Itajaí. As gerências regionais de Saúde em Itajaí e na capital têm feito reuniões pra alinhar estratégias de controle do surto.
“Temos reforçado a necessidade de coletas de amostras de material fecal dos casos atendidos nas unidades sentinelas, bem como de material fecal dos surtos de DDA identificados pelos serviços de saúde ou vigilância epidemiológica municipal”, informa o superintendente.
O estado reforça a divulgação de informações pra população prevenir doenças diarreicas, com campanhas nas redes sociais e mídias tradicionais, além de notas de alerta. Em paralelo, as prefeituras reforçam medidas preventivas, ampliando o atendimento em unidades de saúde, se preciso.
Continua depois da publicidade
PAs e hospitais de Itajaí já atenderam mais de mil casos

UPA do CIS realizou 623 atendimentos em 15 dias
De acordo com a Secretaria de Saúde de Itajaí, entre 1º e 14 de janeiro, foram registrados 1111 casos ligados à diarreia e vômito ou náuseas nas UPAs e hospitais da cidade. Foram 623 atendimentos na UPA do CIS, 167 na UPA Cordeiros, 83 no hospital Marieta Konder Bornhausen e 238 no hospital Pequeno Anjo.
Continua depois da publicidade
Apesar do aumento de casos, Itajaí não está em situação de surto porque são casos sem relação entre eles, segundo explica a nutricionista do município Cristiane Santini. Ela ainda ressaltou que as unidades também atendem pessoas de cidades vizinhas.
“O aumento é esperado para a época do ano e até o momento não podemos falar em surto na cidade de Itajaí por falta de associação da fonte em comum. O aumento é esperado também, pois Itajaí é referência em saúde e atende todos os municípios da foz do Rio Itajaí, além dos inúmeros turistas que estão na cidade”, diz.
Itajaí enviou ao Lacen uma amostra de paciente internado, com quadro de náusea e vômito e sinais de desidratação, sendo detectado o norovírus. Para identificar o agente responsável pelo aumento de casos, a secretaria está fazendo um plano de intervenção em parceria com o Lacen e a regional de Saúde na UPA do CIS.
“São coletadas de três a cinco amostras semanais para pesquisa, tanto viral quanto de bactérias (de crianças, adultos e idosos), porém sem resultados até o momento, já que o plano de ação foi implantado recentemente”, ressaltou.
Em Balneário Camboriú, a Secretaria de Saúde informou 523 casos nas duas primeiras semanas de 2023. Os registros mais que dobraram entre uma semana e outra, passando de 149 para 374. Nesta terça-feira, o município vai fechar os dados da terceira semana.
Continua depois da publicidade