Falar sobre saúde mental no Brasil de hoje é, antes de tudo, reconhecer que nenhum sofrimento psíquico acontece isoladamente. Em 2025, seguimos enfrentando os desdobramentos de crises políticas, econômicas, sociais e ambientais que afetam diretamente o modo como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam. E esses impactos reverberam na forma como adoecemos — e também na forma como buscamos cuidado.
A cultura em que estamos inseridos influencia nossas crenças sobre o que é ser “forte”, o que é “fracassar”, quando devemos pedir ajuda e até como nomeamos nossas dores emocionais. Muitas vezes, somos ensinados desde cedo a suprimir sentimentos, a seguir em frente sem refletir sobre o que estamos vivendo, como se isso fosse sinônimo de resiliência. No entanto, esse modelo tem cobrado um preço alto: ansiedade, pânico, depressão e burnout tornaram-se parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, atravessando todas as faixas etárias e classes sociais.
Além da cultura, o contexto social tem um papel determinante. O aumento do custo de vida, o desemprego, a precarização do trabalho, a insegurança nas cidades e o acesso limitado a serviços ...
A cultura em que estamos inseridos influencia nossas crenças sobre o que é ser “forte”, o que é “fracassar”, quando devemos pedir ajuda e até como nomeamos nossas dores emocionais. Muitas vezes, somos ensinados desde cedo a suprimir sentimentos, a seguir em frente sem refletir sobre o que estamos vivendo, como se isso fosse sinônimo de resiliência. No entanto, esse modelo tem cobrado um preço alto: ansiedade, pânico, depressão e burnout tornaram-se parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, atravessando todas as faixas etárias e classes sociais.
Além da cultura, o contexto social tem um papel determinante. O aumento do custo de vida, o desemprego, a precarização do trabalho, a insegurança nas cidades e o acesso limitado a serviços públicos de qualidade — inclusive em saúde mental — criam um cenário desafiador. Quando se vive sob constante pressão ou incerteza, o sofrimento psíquico deixa de ser uma exceção e se torna parte da rotina.
Na clínica, é comum receber pessoas que chegam sentindo-se “fracas” ou “incapazes”, quando, na verdade, estão apenas reagindo a contextos adversos de forma humana em grande proporção. É fundamental compreender que sintomas como cansaço extremo, insônia ou irritabilidade não são apenas questões individuais, mas também respostas legítimas a um ambiente estressante, desigual e, muitas vezes, excludente.
É nesse cenário que a psicologia precisa se posicionar de forma ética e comprometida, reconhecendo a complexidade do sujeito e suas vivências. Trabalhar com saúde mental em 2025 exige um olhar ampliado: escutar o sofrimento não apenas como algo que vem de dentro, mas como algo que também é produzido do lado de fora — nas relações sociais, nas estruturas de poder, nos discursos culturais que atravessam cada indivíduo. O acolhimento clínico precisa ser, portanto, crítico e engajado, com muito embasamento e sensível às realidades diversas que compõem o Brasil atual.
Cuidar da saúde mental é, também, cuidar das condições de vida. É fortalecer vínculos, construir espaços de escuta, combater o preconceito e defender o acesso a direitos básicos. Em um país tão diverso e desigual como o nosso, saúde mental não pode ser privilégio — precisa ser compromisso coletivo.
Como está sua saúde mental?